22.1.12

A avaliação duvidosa e o medo do progresso

A Argentina de Cristina e Nestor Kirchner, responsáveis pelo crescimento econômico do país após anos do neoliberalismo de Menen, privatizações, desemprego em alta e inevitável crise que derrubou alguns presidentes, tem muito a ensinar aos brasileiros e demais países latinos no que se refere a regulação audiovisual e da comunicação

Celebrada pelos sindicatos, intelectuais e movimentos sociais de lá, a Ley de Medios ainda é constantemente atacada pelos grupos de mídia dos hermanos como o Clarín - a Globo deles - e essas críticas têm eco aqui no Brasil, via PiG*.

São cada vez mais frequentes os artigos ou matérias sobre a perseguição que a "imprensa independente" (?) recebe do governo. Parece que os grupos de mídia por aqui têm medo da onda progressista que pode tomar conta da América Latina, mesmo o Brasil tendo avançado tão pouco nos últimos anos.

Imprensa independente de que quem, amigo navegante? - copiando Paulo Henrique Amorim, do Conversa Afiada

Independente do povo argentino e dos seus anseios, só se for. O que o Clarín representava por lá pode ser chamado de qualquer coisa, menos de independência.

Este blogueiro que vos escreve esteve em Buenos Aires no mês passado e conversou com muitos portenhos. A imensa maioria não somente reconhecia os êxitos do casal Kirchner, como também o apoiava. Nessa viagem pude, ainda, comprar o livro "Ley 26.522 - Hacia un nuevo paradigma en comunicación audiovisual" em que diversos artigos demonstram a importância e a grandeza de lei aprovada por lá em 2010 após amplo debate entre governo e sociedade civil.

Capa do livro organizado por Mariana Baranchuk e Javier Rodríguez Usé.
Retirado do site GenteBA.

No livro, o brasileiro Dênis de Morais expõe números que facilitam a vida dos que duvidam que o Clarín seja a "imprensa independente" da Argentina:
"o Clarín controla 31% da circulação dos jornais, 40,5% da TV aberta e 23,2% da TV paga"
Informação não pode ser negócio e, muito menos, negócio controlado por poucos.

Para aqueles que temem o progressismo que alguns países latinos estão conhecendo, a democracia não diz nada. Desmerecem o êxito Nestor, a inevitável eleição de Cristina (que colunista convidado do PiG classifica como "transferência do poder") e sua reeleição com 54% dos votos em novembro passado.

É chegada a hora do enfrentamento democrático verdadeiro, que vai além das eleições e exige igualdade. A Argentina já deu os primeiros passos. Chegou a hora de segui-los.

*O PiG (Partido da imprensa Golpista) é a denominação para toda a grande mídia brasileira, mais preocupada com o poder do que com a informação. A sigla foi criada e difundida pelo Paulo Henrique Amorim, do Conversa Afiada. 

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