30.4.12

Folha, sem perceber, assume para quem escreve e fala

Separadas por quase 20 anos, as capas de "Veja" não escondem o que pensa e quer a revista sobre o Brasil .
Um dos maiores equívocos da falsa democracia da informação no Brasil é a obrigação de que os veículos de comunicação sejam imparciais em momentos/casos como as eleições, por exemplo, quando estão longe de verdadeiramente serem. Dessa forma, chega aos leitores, ouvintes, telespectadores e internautas a ideia de que os grandes grupos de mídia publicam aquilo que é verdadeiro, sem quaisquer intenções naquilo que acabara de se tornar notícia.

Em outras palavras: os veículos de comunicação daqui não assumem o que verdadeiramente pensam muito menos quais setores da sociedade representam.

Apesar do resgate de momentos históricos via mídia independente (ou mesmo via blogosfera) que escancaram o que verdadeiramente pensam os da elite midiática, o caminho ainda é longo. Não há como contestar: os maiores veículos de comunicação deste país tem claros posicionamentos políticos e ideológicos. Tentam (conseguindo muitas vezes) orientar a sociedade ao invés de de registrar aquilo que a mesma pensa e faz. É uma opção, simples assim.

Este blogueiro acredita que reler as manchetes dos maiores jornais e revistas do país nas últimas décadas é o mesmo que entender o que pensam as elites brasileiras sobre os mais diversos assuntos. Poucos são os trabalhos verdadeiramente preocupados com o desenvolvimento do Brasil e dos brasileiros e sua soberania.

Não é por acaso que a imprensa brasileira merece ser (des)qualificada como PiG*. Além de ser de baixíssima qualidade, o que vem sendo produzido nas maiores redações do Brasil pode levar a assinatura de um ou outro jornalista, mas tem objetivos sujos. Lula, por exemplo, quase sofreu processo de impeachtmen por causa do mensalão que ainda está para ser provado enquanto que as recentes denúncias sobre as privatizações na era FHC que ganharam o país com "A privataria tucana" mal apareceram nas páginas de jornais como Folha de S. Paulo e O Globo.

A Folha.com acaba de publicar um vídeo em que "mulheres da elite de São Paulo" dizem sentir-se traídas pelo "símbolo" no combate à corrupção, o senador Demóstenes Torres (ex-DEM e atualmente sem partido). Tais mulheres são ridicularizadas pela reportagem (veja o vídeo e leia o texto aqui), em especial a líder delas, a psicanalista Maria Cecília Parasmo.

O problema (a Folha finge não percebê-lo) é que essas mulheres nada mais são do que o resumo dos leitores/assinantes fiéis dos veículos de comunicação mais conservadores do país. O discurso delas é baseado naquilo que os jornais e revistas publicam. Afinal, de onde tais senhoras tiraram que o senador Demóstenes, hoje vinculado ao contraventor Carlinhos Cachoeira era defensor da ética no país? Difícil saber, amigo navegante...  


Não são poucos os exemplos que poderiam ser aqui publicados provando ou, no mínimo, questionando aquilo que os poderosos da informação cismam em chamar de linha editorialNão existe imparcialidade naquilo que se publica e exibe. Cada foto, cada palavra, cada tema são escolhidos a dedo, visando um objetivo maior.

Recentemente, o Jornal do Brasil (JB) publicou editorial em que o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PMDB), é qualificado como "exemplo de funcionário público", além de destacar a "excelente administração" do mesmo. Leia-o por completo aqui.

É claro que o dono do jornal e sua direção têm o direito de achar o mandato de Paes excelente, assim como teriam o de achá-lo muito ruim, mas, agora, os leitores assíduos e mais atentos podem saber que tudo aquilo que será produzido pelo JB no que tange a cobertura da prefeitura e as eleições municipais deste ano é tendendo a exaltar a figura do prefeito e sua candidatura. É um risco que a publicação corre: ter seus leitores dispensando as notícias parciais do Jornal do Brasil.

Este blogueiro prefere ler as notícias sabendo explicitamente a que interesses elas atendem e acredita que os demais leitores também prefiram assim.

Os jornais e revistas brasileiros não podem mais falar por quem não representam.

*O PiG (Partido da imprensa Golpista) é a denominação para toda a grande mídia brasileira, mais preocupada com o poder do que com a informção. A sigla foi criada e difundida por Paulo Henrique Amorim, do Conversa Afiada.

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